Docentes da FEnf escrevem sobre a Enfermagem em artigo na Revista FAPESP

O cuidado como profissão

Importância da enfermagem cresce com maior expectativa de vida e envelhecimento da população

 

A dedicação à recuperação da saúde das pessoas sempre foi uma das principais atribuições dos profissionais de enfermagem. Se há poucos séculos a atuação nessa área era constituída por práticas empíricas e em boa medida intuitivas, hoje baseia-se em amplo conhecimento científico, com procedimentos cada vez mais especializados, em distintos campos da saúde. “Os enfermeiros são responsáveis por garantir a excelência no tratamento dado aos pacientes”, afirma Regina Szylit, diretora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP).
Com a intenção de reconhecer o trabalho realizado por profissionais do setor, além de chamar a atenção para a necessidade de ampliação dos investimentos na área, a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiram designar 2020 como o ano internacional dos profissionais de enfermagem e obstetrícia. A ideia é de que o desenvolvimento profissional contribua para aperfeiçoar o atendimento aos pacientes.
“Essa é uma área que deve crescer muito no Brasil nos próximos anos porque a população, que hoje vive mais, está envelhecendo e, consequentemente, demandando cuidados especializados”, avalia Maria Helena Baena de Moraes Lopes, diretora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Por terem papel crucial na prestação de serviços essenciais, de atendimento e promoção da saúde, bem como na prevenção de doenças, a formação desses profissionais tem sido aprimorada. “O crescimento da enfermagem se dá inclusive na produção de conhecimento, desenvolvido a partir de pesquisas científicas que envolvem estudantes da graduação e pós”, informa Lopes.
No Brasil, a Lei nº 7.498 de 1986, que regulamenta o exercício da enfermagem, estabelece quatro categorias profissionais com ações distintas dentro das unidades de saúde: enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes, também conhecidas como parteiras. Segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), estima-se em 2.245.000 os registros profissionais ativos no país, nas diferentes categorias.
Aos enfermeiros cabe a responsabilidade de liderar as equipes, além de avaliar diagnósticos de enfermagem, preparar e prescrever estratégias de cuidado para cada paciente. Também são responsáveis pela tomada de decisões que demandam conhecimentos científicos. A formação em nível superior pode durar até cinco anos.
Habilitados a lidar com pacientes de distintas complexidades, os técnicos de enfermagem precisam atuar sob a supervisão de um enfermeiro, executando as ações por ele formuladas. Para trabalhar nesse campo, é preciso que o profissional tenha ensino médio e realize curso na área de enfermagem. Já os auxiliares são responsáveis por ações mais simples, como  prestar cuidados de higiene e conforto aos pacientes.
Demanda emergente
Áreas de atuação
• Orientação preventiva
• Atendimento geral e de emergência
• Atendimento domiciliar e pré-hospitalar
• Equipes de salvamento
Especialidades
• Obstetrícia
• Pediatria
• Geriatria
• Oncologia
Locais de trabalho
• Hospitais, clínicas e ambulatórios
• Serviços de emergência
• Centros de atenção psicossocial
• Empresas (enfermagem do trabalho)
• Atendimento domiciliar
Como carreira de nível superior, a formação de obstetrizes está em consonância com um conjunto de medidas lançadas pela Agência Nacional de Saúde (ANS) para promoção do parto normal e redução do número de cesarianas, método responsável por 84% dos nascimentos no país, segundo dados da própria ANS. Pioneira nessa área, desde t2005 a Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) oferece o curso de bacharelado em obstetrícia, destinado a profissionais que pretendem atuar nesse campo da saúde da mulher.
Especialização
Os cursos de graduação em enfermagem formam profissionais generalistas. Bioquímica, anatomia, fisiologia, imunologia, nutrição, sociologia e psicologia são algumas das disciplinas que integram o currículo. “A especialização em determinada área acontece em cursos de pós-graduação lato sensu e residências”, explica Torcata Amorim, do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (EE-UFMG). É o caso de enfermeiros que trabalham, por exemplo, nas áreas de obstetrícia, pediatria, oftalmologia, cardiologia, psiquiatria, gerontologia e em unidades de tratamento intensivo, as UTIs. “Em comum, todos têm a formação para o cuidado e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, prevenção de doenças e agravos”, completa.
Na graduação, além da formação como bacharel, o enfermeiro pode optar pela licenciatura, que o habilita a dar aulas em cursos de nível técnico. “Há também um grande incentivo para que os alunos se dediquem às atividades de pesquisa”, diz Vanessa Pellegrino Toledo, coordenadora do curso de graduação em enfermagem da Unicamp. Além de possibilitar o desenvolvimento de carreira acadêmica, os estudos de mestrado e doutorado permitem aos enfermeiros fazer pesquisas clínicas, como a avaliação de eficácia e segurança do uso de fármacos em seres humanos, por exemplo. “Como esse é um campo que utiliza métodos bastante rigorosos, os laboratórios acabam buscando pós-graduados”, informa Toledo.
O avanço de tecnologias aplicadas à área da saúde também exige atualização constante. Caso do uso de aplicativos para orientação em saúde e acompanhamento de pacientes com doenças crônicas e da utilização de recursos de inteligência artificial, que trazem novas perspectivas para o trabalho dos enfermeiros. Com
o objetivo de melhorar a eficiência na captação e utilização de recursos para pesquisa clínica, o Hospital de Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp) mantém, desde 2003, o Núcleo de Avaliação de Tecnologias de Saúde. Nele são desenvolvidos estudos para, por exemplo, avaliar a eficiência de equipamentos e outras tecnologias com o objetivo de evitar gastos desnecessários.
Atividades realizadas em parceria com médicos e outros profissionais da saúde têm propiciado a enfermeiros a participação em processos de trabalho mais colaborativos – tornou-se comum a discussão coletiva de diagnósticos e estratégias de atendimento. “Já não existe mais aquela visão de que o enfermeiro apenas auxilia o médico. Hoje há uma interdisciplinaridade que aproxima o trabalho desses diferentes profissionais”, afirma Lopes, da Unicamp.
A enfermagem segue sendo um campo profissional eminentemente feminino. De acordo com pesquisa realizada em 2016 pela Fundação Oswaldo Cruz em parceria com o Cofen, os homens representam 15% das equipes. “A emergência da enfermagem moderna e científica ocorrida no período vitoriano deu contornos de feminilidade à profissão”, afirma Osnir Claudiano da Silva Júnior, pesquisador do Laboratório de Estudos de História da Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP. “A enfermagem, no entanto, não tem gênero. Foi a construção social que deu esse caráter feminino à profissão”, finaliza.

 

Acessem o artigo na íntegra no link: https://revistapesquisa.fapesp.br/2020/03/05/o-cuidado-como-profissao/

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