Docente da Faculdade de Enfermagem da Unicamp, Profa. Dra. Maria Isabel Pedreira de Freitas é homenageada, no 11º Simpósio Internacional de Esterilização e Controle de Infecção Relacionada à Saúde realizado pela Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização, mais conhecida como SOBECC, pelo “carinho e dedicação” ao longo dos 25 anos de SOBECC.
Neste mesmo evento, com mais de 2500 participantes e mais de 70 expositores, foram homenageados os membros participantes das Diretorias anteriores, inclusive uma das precursoras do Grupo de Estudo em Centro Cirúrgico e Centro de Material (GECC), enfermeira Ana Maria Ferreira de Miranda, primeira Diretora da SOBECC.
Em 1982, um grupo de enfermeiros de Centro Cirúrgico, membros da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), seção cidade de São Paulo, percebeu a importância de haver um local onde se pudesse promover discussões focadas na prática de enfermagem e pesquisa científicas sobre a assistência prestada no Bloco Operatório, que engloba Centro Cirúrgico, Sala de Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização
A docente homenageada, Diretora da Faculdade de Enfermagem e responsável pela disciplina de Centro de Material e Esterilização do currículo de graduação em Enfermagem, demonstra orgulho pela homenagem recebida, pois tem conhecimento sobre a importância desta associação para o desenvolvimento da profissão e para a “prevenção de riscos e doenças, visando à melhoria dos indicadores de qualidade de vida, de morbidade e de mortalidade” (DC, 2017) mas também, demonstra preocupação com o futuro do conteúdo abordado, durante a formação dos alunos, sobre o processamento de materiais para a prevenção de infecções relacionadas à saúde (infecções relacionadas à assistência à saúde, IRAS). Relata também sua preocupação sobre a forma como está sendo desenvolvido o conteúdo de Centro Cirúrgico e Centro de Material e Esterilização nos currículos de graduação em Enfermagem. Comenta que durante o evento houve a Mesa de Ensino, onde docentes de universidades públicas e privadas, discutiram “Formando o futuro profissional em CME”. Na fala de todos os apresentadores ficou clara a preocupação com o pequeno conteúdo dado a esta disciplina na formação dos enfermeiros, principalmente nas atividades práticas, para que os alunos possam estar preparados para ocupar os postos de trabalho nos estabelecimentos de saúde, tanto na de atenção primária, secundária ou na terciária para poderem atuar na prevenção e controle da infecção hospitalar, mal que vem preocupando todas organizações de saúde do mundo.
Recentemente a Organização Mundial de Saúde lançou a publicação “Descontaminação e reprocessamento de produtos para saúde em instituições de assistência à saúde” onde deixa claro o fato de que...
“No mundo todo, centenas de milhões de pessoas são afetadas todos os anos por infecções evitáveis associadas à assistência à saúde (infecções relacionadas à assistência à saúde, IRAS). Os determinantes das IRAS são influenciados por uma complexa combinação de falhas em políticas, infraestrutura, organização, conhecimento, comportamento dos profissionais de saúde e fatores relacionados ao paciente. Através do conhecimento, melhores práticas e melhoria da infraestrutura, a Prevenção e Controle de Infecção (PCI) tem por objetivo prevenir os danos causados pelas IRAS a pacientes e profissionais de saúde.”
O que está acontecendo nas Unidades de Ensino Superior e nas Universidades, que a cada dia o número de professores desta área está desaparecendo e novos docentes não vem ocupando os espaços vazios?
A Resolução no 569 de 08 de dezembro de 2017, que aborda a prerrogativa constitucional do Sistema Único de Saúde (SUS) em ordenar a formação dos(as) trabalhadores(ras) da área da saúde em seu artigo 30, dispõe:
Art. 3º Aprovar os pressupostos, princípios e diretrizes comuns para a graduação na área da saúde, construídos na perspectiva do controle/participação social em saúde, e apresentados, sinteticamente, nos incisos a seguir: I - Defesa da vida e defesa do SUS como preceitos orientadores do perfil dos egressos da área da saúde, com os seguintes objetivos: a) formação em saúde comprometida com a superação das iniquidades que causam o adoecimento dos indivíduos e das coletividades...
http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2017/Reso569.pdf
Se por um lado, a preocupação mundial com o controle de infecção hospitalar está sendo foco de atenção, como estamos preparando nossos enfermeiros para estarem aptos a ocuparem o espaço compreendido pelo setor de processamento de materiais, por onde passam milhares de itens usados nos procedimentos invasivos realizados na assistência à saúde? É no contato do aluno com o bloco operatório (CC e CME), durante a disciplina de Enfermagem Perioperatória, que há o entendimento das etapas para o processamento de cada material que ele vai usar nos pacientes para fazer os curativos ou outro procedimento invasivo.
Este tema precisa ser melhor encarado e discutido, para que possamos estar preparados para ocupar o papel que o enfermeiro tem ocupado em diferentes áreas de atuação, com competência e preparo para mudar a assistência à saúde em todo mundo.
A Faculdade de Enfermagem parabeniza a participação da docente em todos os anos de dedicação na área junto a SOBECC